Explica Nívea Maria Pereira da Silva que há controvérsia sobre a existência de diferença entre os conceitos de Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva. Contudo, em geral, “quem trabalha com Gestão do Conhecimento entende que a Inteligência Competitiva é um complemento da atividade e vice-versa”1.

Em relação à semelhança entre gestão do conhecimento e inteligência competitiva, a autora afirma que a questão fundamental de ambas é “a melhor maneira de analisar, classificar, organizar e apresentar eficientemente o conhecimento para que seus destinatários tenham condições de tomar decisões que venham a resultar em beneficio para suas organizações”2.

Já com relação à diferença entre os temas, diz a autora que a ABRAIC (Associação dos Analistas de Inteligência Competitiva) sinaliza que, enquanto a gestão do conhecimento “diz respeito ao gerenciamento do conhecimento acumulado dos funcionários a fim de transformá-los em ativos da empresa”, criando condições para que esse conhecimento tácito transforme-se em explícito3.

De acordo com Chiavenato e Sapiro, inteligência competitiva é um modelo dinâmico de análise da concorrência, que utiliza “mecanismos integrados de localização, busca e captura de informações”4 que, analisadas, têm implicações no processo de tomada de decisão da empresa5. Afirmam que é a “coleta ética de informações e dados necessários relativos aos objetivos, estratégias, suposições e recursos do concorrente”.

Segundo os autores, a análise da concorrência é necessária para que a empresa se mantenha no mercado com capacidade de competir, formulando uma estratégia que lhe garanta vantagem competitiva6.

Em outras palavras, as organizações precisam conhecer os concorrentes (seus pontos fortes e fracos, suas prováveis ações, seus objetivos etc.) para ter conhecimento de si próprias, já que elas são impactadas pelos movimentos umas das outras (são mutuamente dependentes)7.

O termo foi criado pelo americano Leonard Fuld em 1986, originalmente em inglês (competitive intelligence)8, de acordo com o qual trata-se de “um processo de busca de informações no ambiente competitivo”, com o objetivo de “entender e antecipar os problemas que possam afetar a organização”9.

Segundo Fuld, as informações são disponíveis a todos, podendo ser buscadas em diversos lugares, como na internet ou na mídia (por isso, dizem Chiavenato e Sapiro que é um processo ético10, e diz Alfredo Passos que não se trata de “espionagem industrial”, pois não é necessária a utilização de métodos ilegais ou não éticos para alcançar as informações11).

Nas palavras de Fuld, “antecipar movimentos das empresas concorrentes faz toda a diferença”12. Fuld afirma que a empresa “Shell” é uma das organizações que utilizam inteligência competitiva, preocupando-se com a “projeção de cenários para se antecipar às tendências e movimentações”13.

De outra parte, gestão do conhecimento, é um processo de “gerenciamento do capital intelectual” ou de “gestão integrada do conhecimento organizacional”14, que busca a “identificação, maximização, codificação e compartilhamento do conhecimento estrategicamente relevante para as organizações”15.

Assim, a gestão do conhecimento tem o fito de racionalizar o conhecimento de si mesma adquirido nos ambientes interno e externo, com transformação de dados e informações captados, de modo que o conhecimento tácito passe a ser explícito e também um ativo da empresa, que dê suporte à tomada de decisão.

Assim, conclui-se que a gestão do conhecimento e a inteligência competitiva, entendidos como conceitos diferenciados, são métodos complementares às organizações, ambos visando a análise do macro e do micro ambiente das empresas, necessária à tomada de decisão para a formulação de estratégias de crescimento e perpetuação no mercado de modo satisfatório.

Além disso, no mesmo sentido do afirmado por Nívea Maria Pereira da Silva, já mencionada alhures, a gestão do conhecimento e a inteligência competitiva são, atualmente, necessárias às organizações que queiram manter-se no mercado com alguma vantagem competitiva, tendo em vista o acirramento da corrida por melhores posições no mercado que está cada vez mais selvagem, em virtude de diversos fatores, como a globalização e a rápida evolução das tecnologias.

1 Inteligência Competitiva em Organizações Brasileiras: Um Caso na Indústria de Petróleo. Dissertação de Mestrado em Administração da PUC-Rio. Rio de Janeiro, fevereiro/2007, p. 43. Disponível em: <http://goo.gl/C5UYzC&gt;. Acesso em 16/05/2016.

2 Idem, Ibidem.

3 Explica a autora que o conhecimento dos funcionários sobre a empresa é tácito (está “enraizado nas ações e experiências de um indivíduo”) e, desta forma, “é altamente pessoal e difícil de formalizar, o que dificulta sua transmissão e compartilhamento”. Já o conhecimento explícito é aquele que “está nos documentos, bases de dados, produtos e processos”, podendo ser “facilmente processado por um computador, transmitido eletronicamente ou armazenado”. Inteligência Competitiva em Organizações Brasileiras: Um Caso na Indústria de Petróleo. Dissertação de Mestrado em Administração da PUC-Rio. Rio de Janeiro, fevereiro/2007, p. 43. Disponível em: <http://goo.gl/C5UYzC&gt;. Acesso em 16/05/2016.

4 Planejamento estratégico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, p. 220.

5 PASSOS, Alfredo. Como monitorar seu concorrente por meio da inteligência competitiva. Revista ESPM, São Paulo, p. 15-19, fevereiro/2000, p. 18.

6 Vantagem competitiva é a capacidade da empresa de agregar valores e atributos aos seus produtos e/ou serviços que os diferencie dos da concorrência. (SILVA, Nívea Maria Pereira da. Inteligência Competitiva em Organizações Brasileiras: Um Caso na Industria de Petróleo. Dissertação de Mestrado em Administração da PUC-Rio. Rio de Janeiro, fevereiro/2007. Disponível em: <http://goo.gl/C5UYzC&gt;. Acesso em 16/05/2016)

7 Planejamento estratégico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, p. 216.

8 Revista Inteligência Competitiva, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 19-39, abr./jun. 2011, p. 21.

9 In: 10 perguntas para Leonard Fuld. Revista Istoé Dinheiro. Disponível em: <http://goo.gl/IZ2ar1&gt;. Acesso em 16/05/16.

10 Planejamento estratégico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, p. 220.

11 Como monitorar seu concorrente por meio da inteligência competitiva. Revista ESPM, São Paulo, p. 15-19, fevereiro/2000, p. 16.

12 Idem, Ibidem.

13 Idem, Ibidem.

14 FLEURY, OLIVEIRA JÚNIOR, TERRA, ZABOT e SILVA apud Daniela Borges Lima de Souza. Revista Estação Científica, Juiz de Fora, n. 03, Outubro 2006, p. 3-4. Disponível em: <http://goo.gl/gw0lCr&gt;. Acesso em 16/05/16.

15 SOUZA, Daniela Borges Lima de. Revista Estação Científica, Juiz de Fora, n. 03, Outubro 2006, p. 03. Disponível em: <http://goo.gl/gw0lCr&gt;. Acesso em 16/05/16.