Disciplina: Sociedade, Tecnologia e Inovação

Tarefa UA12


A palavra tecnologia tem vários significados. Pode denotar, de acordo com o Dicionário Michaelis: 1. “Tratado das artes em geral”; 2. “Conjunto dos processos especiais relativos a uma determinada arte ou indústria”; 3. “Linguagem peculiar a um ramo determinado do conhecimento, teórico ou prático”; 4. “Aplicação dos conhecimentos científicos à produção em geral”[1].

Utilizando o termo tecnologia relacionado à “tecnologias da informação e comunicação” (TIC), pode-se dizer que o surgimento e o avanço das TIC tiveram inúmeras consequências no mundo todo.

As Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC são todos os instrumentos que viabilizam a transmissão de informação através dos meios artificiais, o que inclui todos os instrumentos que se relacionam aos computadores e à internet.

Com relação, especificamente, ao processo de ensino-aprendizagem, as TIC representaram enorme avanço.

Antes do advento da computação, da internet e de toda a tecnologia que faz a intermediação entre as pessoas e os processos de informação e de comunicação, a educação escolar era realizada pelo professor passando seus conhecimentos aos alunos utilizando como recursos apenas a lousa de giz e os livros.

Atualmente, a tecnologia pode ser considerada o principal recurso para a educação e, aos poucos, a educação escolar vai se apoderando deste instrumento.

Algumas transformações que foram possibilitadas pelo uso das TIC no processo educacional são as seguintes: 1. oferecimento de condições para a facilitação do acesso a informações; 2. em virtude da facilidade de acessar informações, houve favorecimento da pesquisa; 3. fomento da interdisciplinariedade; 4. melhoria do processo de transmissão da informação; 5. viabilidade da criação de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), possibilitando a educação à distância (“EaD”) – como em nosso curso de Gestão Empresarial da FATEC.

Além destas circunstâncias, José Armando Valente cita como consequência das TIC a “mudança de foco nas escolas”: da educação centrada na instrução passada pelo professor ao aluno, para uma educação em que o aluno realiza tarefas utilizando a informática e, assim, constrói novos conhecimentos[2].

Esta “mudança de foco” operou-se em vista da estimulação, pelas TIC, da capacidade de autoaprendizagem, isto é, do processo de obtenção de conhecimentos realizado pela pessoa consigo mesma, através da pesquisa e da experimentação, sem a necessidade de um professor ou um mestre lhe ensinando.

A “mudança de foco” citada por José Armando Valente, também pode ser vislumbrada nos cursos “online” à distância.

O Decreto nº 5.622/2005 é, no Brasil, a norma que regulamenta a educação a distância. Segundo a norma, caracteriza-se como educação a distância a “modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos” (artigo 1º)[3].

Embora o processo de ensino-aprendizagem seja realizado entre professores e alunos, através das TIC, nos termos da norma supramencionada, nos cursos a distância o estudante precisa se esforçar mais na busca do conhecimento, tendo em vista que não há contato direto com os professores.

Infelizmente, no entanto, nem todo processo de ensino-aprendizagem pode ser guiado pelas TIC.

De acordo com o relatório de monitoramento global de Educação para Todos 2015 da UNESCO, o sucesso do ensino e da aprendizagem está relacionado aos recursos disponíveis, e um destes recursos é “o fornecimento, a distribuição e o uso de materiais didáticos” (os demais recursos são: “um ambiente físico seguro e acessível, com instalações adequadas” e o “tempo gasto na sala de aula”)[4].

Quanto ao segundo fator mencionado supra, o relatório da UNESCO aponta que muitas pessoas frequentam “escolas cujas condições não são favoráveis ao aprendizado”, tendo em vista a ausência de água potável, instalações para lavar as mãos e banheiros limpos e seguros, e com a presença de discriminação, assédio e, até mesmo, violência[5].

Assim, em locais com falta de estrutura mínima necessária ao sistema de educação, infelizmente existem elementos básicos que precisam ser supridos antes da implementação do uso das TIC – pois, se a escola nem tem ao menos energia elétrica, não pode suportar o uso da internet ou de qualquer outro recurso tecnológico.

Ainda de acordo com o relatório da UNESCO, são problemas graves comuns no mundo todo, a “infraestrutura escolar fraca”, a “falta de manutenção” e a “falta de treinamento apropriado de diretores escolares e professores”[6].

No Brasil, temos esses três problemas. A falta de infraestrutura escolar se faz presente principalmente nas escolas da rede pública e nas da zona rural e das regiões Norte e Nordeste[7].

O relatório da UNESCO também informa que existem quatro aspectos que contribuem para uma educação de boa qualidade: 1. “um currículo relevante e inclusivo”; 2. “uma abordagem pedagógica apropriada e eficaz”; 3. “o uso da língua materna das crianças”; e 4. “o uso de tecnologias apropriadas”[8].

Quanto ao quarto item, diz o relatório que “as TIC têm o potencial de fomentar o ensino e a aprendizagem”[9].

Todavia, segundo o estudo da UNESCO, a integração efetiva das TIC nos sistemas educacionais é bastante complexa, e “muitos países não têm condições de apoiar uma aprendizagem realizada amplamente com o auxílio de computadores, simplesmente porque as escolas não têm acesso à internet ou mesmo eletricidade”[10].

Ademais, “a eficácia das TIC também depende de professores treinados”[11]. Para que os recursos tecnológicos sejam utilizados no sistema educacional, é necessário que os professores saibam manejar este instrumento. Logo, os professores precisam ser qualificados para o uso das TIC.

Ante a falta de infraestrutura mínima em muitos países, a UNESCO sugere que os telefones celulares seriam uma alternativa viável no uso das TIC para o processo de ensino aprendizagem, pois não requerem condições muito complexas para sua utilização, “não requerem o mesmo nível de infraestrutura dos computadores”, “suas redes são mais amplamente disponíveis” e “muitos aparelhos têm capacidade para vídeos e internet”[12].

Desta forma, as TIC revelam-se ótimas para a evolução do ensino no mundo, porém, elas ainda não são uma realidade possível em todos os lugares.


Notas:

[1] Dicionário Michaelis Online. Disponível em <http://goo.gl/0pTyVa&gt;. Acesso em 01/05/2016.

[2] In: A tecnologia no ensino: implicações para a aprendizagem. (organizadora) Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002, p. 18.

[3] BRASIL. Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Disponível em: < http://goo.gl/G5T0uj&gt;. Acesso em 02/05/2016.

[4] Educação para todos 2000-2015: progressos e desafios. 1. ed. UNESCO, 2015, p. 43. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002325/232565por.pdf>. Acesso em 02/05/2016.

[5] Idem, Ibidem, p. 44.

[6] Idem, Ibidem, p. 44.

[7] SOARES NETO, Joaquim José; JESUS, Girlene Ribeiro de; KARINO, Camila Akemi; DALTON, Francisco de Andrade. Uma escala para medir a infraestrutura escolar. Estudos em avaliação educacional, São Paulo, v. 24, n. 54, p. 78-99, jan./abr. 2013, p. 92 e 95-96. Disponível em: <http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1786/1786.pdf>. Acesso em 02/05/2016.

[8] Educação para todos 2000-2015: progressos e desafios. 1. ed. UNESCO, 2015, p. 45. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002325/232565por.pdf>. Acesso em 02/05/2016.

[9] Idem, Ibidem.

[10] Idem, Ibidem.

[11] Idem, Ibidem.

[12] Idem, Ibidem.